VINTE DIAS E ALGUNS ANOS (Rastros do Tempo)

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Ela é só uma foto ao lado da cama, no meio de um livro,

Um mundo com fundo azul que trago nos olhos, imagem

Sem som, bombom sem recheio, floreio, é só decoração.

Natureza morta, porta fechada, fachada desbotada, noite

Ainda sem estrelas, painel sombrio, frio e vazio completo,

Teto que permanece de vidro trincado, pecado ser assim.

Vinte dias vividos como fossem vinte anos, salvo engano,

Mereceriam uma capa de livro, um artigo, primeira página

Em qualquer jornal, final feliz, algo me diz que ainda será.

Num desses dias, talvez acorde ouvindo algum chamado,

O cachorro abane o rabo percebendo quem seja, até veja

Extasiado que ela pouco mudou, faça algazarra e aquiete.

Teremos tempo para o acerto de contas e, lá pelas tantas,

Depois de esgotarmos os argumentos e longes do perdão,

Os corpos estarão novamente grudados, quase acabados.